Smells like thinking

Monday, February 20, 2006

How I love nature...



Aproveitando a maré de Alberto Caeiro da Manata...

Alberto Caeiro
XXIV - O que Nós Vemos

O que nós vemos das cousas são as cousas.
Por que veríamos nós uma cousa se houvesse outra?
Por que é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
E uma sequestração na liberdade daquele convento
De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas
E as flores as penitentes convictas de um só dia,
Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas
Nem as flores senão flores.
Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores.
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Sinto-me como o Caeiro...gosto simplesmente de contemplar a natureza pelo que é. No entanto, acho que sinto alguma coisa que não consigo explicar quando observo a beleza da natureza. Sinto sem pensar...acho que sinto e não penso, não sei explicar. A natureza divina que o Homem teima em destruir...olho para a natureza mas sem pensar ...estou apenas ali a observa-la na sua leveza e movimento constante. O som das ondas, dos pássaros, o céu azul , o mar azul ou cinzento, com ou sem o brilho do sol, tudo isto desperta a minha atenção. Mas não sinto nostalgia ou outros sentimentos que de um momento para o outro se podem tornar negativos, simplesmente contemplo o que Deus criou mas sem sentir sem pensar (eu sei que me estou a contradizer mas é difícil explicar o que sinto ou nao sinto)
. . .
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...acho que já percebi, sinto-me leve. Não qualquer tipo de alivio emocional mas sinto-me leve... sou simplesmente simples.
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Eu sei que nada do que escrevi faz sentido mas pelos vistos é a maior tendência por estes cantos...:P
Obrigada à Manata e ao seu post que me incentivaram a escrever isto. Fiquei mesmo a reflectir no poema do Caeiro que puseste no teu blog. Já há muito que não lia o meu favorito dos heterónimos, Alberto Caeiro.
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Fotografias tiradas por mim em Sesimbra e Serra da Arrábida.

Saturday, February 18, 2006

"I'll never know how much it cost/To see my sin upon that cross..."

"O vento toca o meu rosto
me lembrando que o tempo vai com ele
levando em suas asas os meus dias,
desta vida passageira


minhas certezas, meus conceitos,
minhas virtudes, meus defeitos
nada pode detê-lo...


...o tempo se vai
mas algo sempre guardarei...
...o Teu amor, que um dia eu encontrei


os meus sonhos, o vento nao pode levar
a esperança, encontrei no Teu olhar
os meus sonhos, a areia não vai enterrar
porque a vida recebi ao Te encontrar...


...nos Teus braços não importa o tempo
só existe o momento de sonhar
e o medo que está sempre à porta
quando estou com Você
Ele não pode entrar...

...o tempo se vai
mas algo sempre guardarei...
...o Teu amor, que um dia eu encontrei

(...)"


Thanks Lord...aconteça aquilo que eu desejo ou não, só te quero agradecer por seres Aquele que me conforta, enche, que está comigo na minha angústia, Aquele que me acompanha, Aquele que me levanta quando eu caio e que me ajuda, assim como um bebé, a voltar a dar os primeiros passinhos, Aquele que as palavras dificilmente conseguem descrever, que me ensina, Aquele cujo amor é perfeito. Seja bom ou mau o resultado, sei que me ensinaste algo com isto tudo, e que aconteça o que acontecer no amanhã, sei que estarás comigo a ajudar-me a suportar a dor de cada dia, o peso e o fardo do dia-a-dia, estarás aqui...aqui...onde só tu podes chegar.

"Nos mais altos montes
Nos mais fundos vales
No fogo que consome
Na tempestade eu Te busquei
(...)
Sei que estás aqui, Jesus
Com os olhos do meu coração
Posso ver Tua face
Sentir o Teu abraço
Refrigera a minh'alma
Dá-me um novo coração
Quebrantado e humilhado em Teu altar
Eu quero ouvir Tua voz
Sentir Teu coração"

Filhos do Homem "Sei que estás aqui"

Sei que a maioria não crê em Deus mas...foi um desabafo de uma luta (que não acabou) em que Deus foi/é a minha armadura, protecção e abrigo...não sei o resultado da luta mas só queria agradecer a DEUS por estar comigo e a quem ele pôs no meu caminho para me ajudar e apoiar(família e amigos, amigos e família,etc).

Se o resultado for mau sei que vou cair mas Peço-Te para, se isso acontecer, me ajudares a levantar.

As letras acima são das músicas: O Tempo de Oficina G3, Sei que Estás Aqui de Filhos do Homem e acima o título é um excerto da música Here I am to Worship de Sonicflood.

Thursday, February 02, 2006

Aquele sítio traz-me recordações...

Quando passo por lá de carro ou autocarro procuro não trazer à memória certas lembranças, mas hoje foi impossível. Ao entrar por aquele portão outra vez senti como se o tempo voltasse atrás. Mas desta vez tudo está diferente. Pareço estar mais confiante do que alguma vez estive ao entrar por aquele portão (talvez porque agora ninguém mais me conhece lá a não ser os funcionários que lá permanecem e poucas faces que lá ficaram).
Olhei para as janelas dos pavilhões, para as pinturas que já existiam antes de lá ter estudado e até para aquelas que foram pintadas por cima ao longo dos anos. Vi novas caras. Mais velhas e mais novas. Procurei descobrir qual é a nova moda que lá se instaurou.
Lembrei-me de bons momentos que lá passei e procurei afastar-me dos maus.
Cada vez que entrava por aquele portão..."Bom dia!". Lá me respondiam:"Bom dia, menina!"
A maioria daqueles que lá trabalhavam olhavam o que fazia, comia, falavam simpaticamente comigo, viam qual era o meu chocolate favorito, sabiam todos os meus movimentos. Sei que era por preocupação mas às vezes aqueles olhares e perguntas me sufocavam, mas nem por isso eu deixei de viver o meu dia.
Contudo não pensem vocês que fui maravilhosamente feliz...não...a maioria dos momentos que lá vivi foram alguns bons momentos que me aliviavam de muitos muitos maus momentos.
Lá foram construídas amizades. Umas que se perderam, outras que ficaram mas apenas levemente, e ainda outras que permaneceram.
Cometi erros e fui "atropelada" por eles. Muitos e muitas coisas me desiludiram.
Sofri por um amor que não devia ter sentido.
Fiz figuras tristes...muitas...que me envergonharam e que, em conjunto com muitas situações, ajudaram-me a "seleccionar" (bem ou mal) com quem me dar.
Ri e também chorei!
Observei o rio do canto mais longe de toda a multidão que lá circulava. Multidão essa muitas vezes cruel comigo e com quem me rodeava sem sequer dizer uma palavra na minha direcção.
Escrevi poemas sobre o sol, o céu, o dia, sobre um "tu". Guardei-os na gaveta, alguns perdi-os, para outros disse:"Não quero mais olhar para ti."
Tudo isto escrevo para alívio ou talvez não...ás vezes escrevo porque alivia outras porque tem que ser assim. Não quero mais olhar para o que escrevi. Não vou ler nem reler o que atrás escrevi. Perdão pelos erros que existirem mas este pedaço de escrita, estas palavras (com sentido ou sem sentido, bem escritas ou horrivelmente mal escritas) não ... faltam-me mais palavras. Sinto que não disse tudo mas que já chega. Não! As palavras escritas não me magoam, não é essa a ideia com que quero que fiquem, não é isso que sinto. Sinto apenas que o que ficou la ficou. Não quero voltar atrás. Por muito difícil ou feliz que seja o presente, por muito assustador ou cor-de-rosa que seja o futuro, o amanhã...o passado não!Isso não!O passado é horrivelmente pior! Deixem-me seguir...mas sem olhar para trás ou olhando para ele apenas como livro, como lição para aprender/aprendida!
Não quer dizer que esqueça aquelas faces de outrora...não...isso jamais! Recordar-las irei levemente...como uma brisa que vem e vai. Mesmo aquelas que não vejo mais, não falo mais...ficarão sempre...mas apenas levemente...e só ocasionalmente.
Agora quero dar mais atenção àqueles que me rodeiam presentemente, que me ouvem, acolhem, acariciam, amam mas também desiludem (como é natural) regularmente...aqueles a quem eu chateio (e não é pouco!), aqueles que ouço e quero ouvir, aqueles cujo meu desejo é não mais me separar...provavelmente vou, quando tudo isto acabar(o meu coração espera que essa separação seja apenas física)...estou a ficar sem mais palavras...ainda à pouco disse o mesmo mas continuei a falar...parece-me, porém, que é desta que vou acabar. Resta-me saber como. Muitos de vós não vão ler até ao fim, não se preocupem é mesmo assim.

Tanta coisa para dizer...as palavras esforçam-se por expressar uns anos do meu pequeno viver, mas não conseguem encontrar maneira de os contar.

Escrevi muito?Escrevi pouco?Mais do que devia e menos do que estava à espera.